segunda-feira, 12 de julho de 2010

"Self Service Humano"

Tem horas que me desespero ao perceber o mundo. Chego a me sentir deprimida com o egoísmo que se alojou em nosso interior. A falta de tato para lidar com o próximo e a total falta de respeito por nós e pelo outro me apavoram. Não é difícil notar: as pessoas não se respeitam mais... Até o amor, que antes era o ápice das relações humanas, perdeu-se dentro dessa selva famigerada que vivemos.

Talvez eu esteja passando por um momento muito pessimista de ser, mas pessimista ou não, me recuso a ver as coisas de outra forma. Pra mim é muito claro: a cada envolvimento "por aparência", seja apenas beijo ou carnalmente sexo, morre um pouco da esperança de alcançarmos o tão sonhado "dias melhores..." É lógica: não se pode ter dias melhores com pessoas tornando-se cada vez piores...

O mundo virou um enorme "closet" e nós, meras roupas... Você experimenta aquela que aparentemente lhe agrada, usa e troca logo em seguida. Às vezes nem se chega a usar, só experimenta mesmo e horas depois está escolhendo outra... E outra... E outras...

Mesmo ainda não sendo uma "balzaquiana", já começo a sentir um peso nas pernas, algo que me impede de caminhar em direção à utópica modernidade do "ficar". Sintomas da caretice? Pode até ser... Mas não reluto em confessar: careta ou brega, acho sim que "ficou" tudo muito banal...

Antes existia apenas o namoro, o noivado e o casamento... Hoje tem o sair, o beijar, o pegar, o fazer sexo, o lanchar, o morar junto, o dividir um teto... Enfim, perdeu-se aquela magia do conhecer, do se envolver... Perdeu-se o sabor da "paquera", da conquista, do esperar o telefone tocar... Às vezes por horas ou dias, pouco importa... Mas ele tocava. A famosa construção da reação. Não sei se sólida, pois nem sempre produzia bons frutos, mas e daí? Esperava-se por ela... Acreditava-se... E hoje? O que esperar? Acreditar em que?

Nada! É tudo muito rápido... "Detalhes tão pequenos de nós dois..." Que detalhes? Não há tempo para detalhes. "O que começa rápido, termina rápido". É como construir uma casa... Se não for bem arquitetada, detalhada, desaba! E a cada segundo que passa, bilhões de "construções" desabam no mundo. O resultado? Pessoas emocionalmente feridas, cada vez mais traumatizadas e totalmente despreparadas para arquitetar uma nova obra...

O grave da situação é que não existe nem sexo e nem idade para construir e destruir, usar e abandonar... É livre... Um verdadeiro "self-service humano"... Mas como nada é tão simples quanto parece, a dúvida chega. E escolher entre as diversas opções, a peça que lhe aquecerá do frio das ruínas que se originaram com a ação do tempo, passa a ser um desafio praticamente impossível de ser vencido.

E na indecisão do que já não mais satisfaz os olhos, o engenheiro (a) moderno (a) abandona as roupas, busca no reflexo do espelho do banheiro algo que preencha o vazio do coração e volta pra cama...

Agora já não mais sozinho: está acompanhado (a) da única "escolha" que lhe restou... A solidão!

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