quinta-feira, 1 de julho de 2010

Vidraça

Eu queria ter um coração de pedra,
Esse que também sabe ferir.
Eu queria sim um coração de pedra,
Só para poder fingir que nada sinto e
E mascarar qualquer emoção que
O meu coração de manteiga consegue emitir.
Ah!! Como eu queria um coração de pedra
Desses que muita gente carrega por aí...
Um coração que não é feito de matéria, só reflexo.
Se alguém tenta tocá-lo, num simples estalo
Desaparece feito poeira.
Eu queria uma pedra bem aqui no peito,
Dessas que constrói e destrói
Com a mesma facilidade.
Essa, que mesmo quando quebrada,
Se divide em mil pedaços
E pode viver assim, partida...
E sem chorar.
Mil pedaços de uma só pedra?
Que vantagem há?
Poder estar inteira,
Ao mesmo tempo,
Em mais de um lugar...
Ah, essa pedra...
Que passeia pelos cantos
E depois se põe a atacar.
Mas enquanto isso eu fico aqui,
Impotente... Da janela,
Observando o meu coração inocente
Que brinca de construir castelos na areia da praia...
Ele logo será alvo dessa pedra que passa...
Ai meu Deus...
Eu queria um dia
Deixar de ser vidraça!

Um comentário:

  1. desse jei vc acaba me deixando triste...
    "eis que tiro o coraçao de pedra e coloco o de carne".que bom q vc tem esse coraçao tao delicado e sincero, se alegre por isso, sua boba. JO

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