segunda-feira, 14 de junho de 2010

Só sei que nada sei...


Eu já conheci pessoas de todos os tipos. Já misturei sentimentos e me deixei abater pelo cansaço. Eu já recuei diante de uma tomada de atitude e já paguei o preço da minha falta de coragem. Já me dediquei demais a quem não merecia e já amei incondicionalmente alguém que não me amou com a mesma intensidade.

Eu já fiz barulho quando o mundo me exigia silêncio e já sorri, enquanto todos choravam. Já brinquei de fazer castelo na areia quando o tempo me cobrava amadurecimento. Eu já sonhei com coisas impossíveis e passei noites em claro pensando no dia de amanhã.

Eu já me arrependi por não assumir riscos e me desesperei quando algo saiu do controle. Já roubei beijos em situações inesperadas e já conversei comigo mesma na frente do espelho. Eu já tentei esconder um sofrimento e a angústia da espera pelo dia seguinte. Já me vesti de princesa e sentei à beira de um lago, esperando por um príncipe que logo se tornaria sapo. Eu já fiz escolhas erradas e já me decepcionei com pessoas que se diziam verdadeiras.

Eu já transferi minhas dores para alguém que não tinha culpa. Já gritei com desconhecidos e encontrei amigos quando achei estar sozinha no mundo. Eu já levei “caixote” na praia quando me distraí olhando para o infinito e já peguei o bonde andando, enquanto me preocupava apenas com meus próprios interesses.

Eu já discuti relacionamento para defender minhas causas. Já julguei um erro e fui condenada por muitos que eu não cometi. Eu já saí ferida de uma discussão e engoli “sapo” por não dizer tudo que gostaria.

Eu já pulei o muro em busca de um lugar seguro e já quis me defender de meus próprios medos. Já tropecei na ilusão de acreditar que todas as pessoas são legais e caí da escada do orgulho quando me julguei melhor do que os outros. Eu já andei sem rumo pela madrugada em busca de uma solução para os meus problemas e já peguei o ônibus errado, descobrindo novos caminhos.

Eu já magoei alguém sem querer e fui magoada na mesma proporção. Já escrevi poemas na busca desesperada de conseguir expor meus sentimentos e já me omiti em determinadas situações. Eu já dei conselhos que não foram seguidos e já segui por caminhos que jamais imaginei trilhar.

Eu já levei bolo de alguém e voltei para casa com gosto de guarda-chuva na boca. Já parti sem nem aos menos dizer adeus e sofri enquanto estive longe. Eu já vi pessoas que eu amava muito indo embora e já senti saudades daquelas que nem eu mesma sabia que amava.

Eu já conversei com Deus em momentos de tristeza e já prometi dar a lua para alguém num dia especial. Eu já quis ser um pássaro, um tigre, uma mosquinha. Já me esforcei para ser melhor do que sou e nunca entendi o porquê das pessoas serem como elas são. Eu já li Kafka e gibi da turma da Mônica e pude tirar proveito das duas situações.

Eu já senti raiva de alguém. Já ri da barriga doer e já provoquei sensações desagradáveis em algumas pessoas. Eu já falei na hora errada, ao mesmo tempo em que disse coisas que não devia. Já deitei na cama e chorei por não conseguir mudar uma situação. Já errei acreditando no milagre do perdão.

Eu já me decidi e me equivoquei. Já voltei atrás em decisões que achava ser as melhores e já dei várias chances para um novo recomeço. Eu já dei o braço a torcer quando meus argumentos não eram tão válidos e me calei, quando minhas idéias não eram tão necessárias.

Eu já peguei um resfriado depois de um dia de chuva e já me bronzeei mais do que devia. Eu já cantei para espantar os males e dancei para animar meu espírito. Já chutei o “balde” em situações extremas e já falei palavrão para expressar minha insatisfação. Eu já tapei os ouvidos para não ouvir uma bronca e desejei ser invisível em momentos de vergonha. Enfim, eu já vivi tantas coisas que me ensinaram a viver, que hoje me admiro, quando alguém consegue dizer, que o passado é algo que precisa morrer.


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