terça-feira, 14 de setembro de 2010

Neve no meu jardim...

... Não escrevo com a pretensão de ser lida. Isso é coisa de quem quer ser reconhecido. Eu não quero. Na verdade, meu único anseio é poder dar voz ao que eu chamo de minha agonia. Então falo... Não com o mundo, mas comigo. Acho que acordei assim... Meio pão com ovo...

Quando abri os olhos percebi que tinha caído neve no meu jardim. Colhi alguns flocos de gelo e pus no colo. Acariciei-os. Não são tão frios quanto parecem. Pior é gente humana.

Eu colhi gelo em plena chegada da Primavera. Se estou surpresa com isso? Nem um pouco. Flores só enfeitam o jardim de meninas boas. E definitivamente estou longe de ser uma delas. Aliáis, nem quero ser. Meninas boas são travestidas de uma personalidade duvidosa. Geralmente são o que os outros querem que elas sejam e mentem o que realmente são. Eu não. Eu gosto do que os demais não gostam. Aprecio, até com um certo prazer, o doce amargo da realidade, pois dela posso me fazer livre dos preconceitos e das falsas verdades.

Eu sou exatamente o que pareço que sou. Não existe uma mentira no meu rosto a ser descoberta com o tempo. Minha máscara é permanente. Digo o que não gosto, o que não quero e o que me incomoda. Dane-se quem se importa... Ou não! Não me importa. Descobri que o óbvio é sempre mais honesto que as possibilidades, que o mundo não é o parque de diversões que disseram pra mim - uma hora a luz apaga... E que o desprezível não é tão inútil quanto parece; afinal, gelo também tem o poder de conservar.

É... a neve no meu jardim não pode ser mais fria do que relações que adoecem. Nada pode ser mais frio do que relações que adoecem. To coberta de neve, mas ainda assim, quente por dentro. Alguém pode ver? Que diferença fará... Não há no mundo quem consiga me entender mesmo.


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